ANTÓNIO BRIGA

O senhor António, nascido em 1941 na aldeia de Murgido, cedo começou a sua vida de trabalho. Na escola local concluiu a terceira classe, mas devido à falta de possibilidades saiu e começou a trabalhar.

Começou pela agricultura, passando pelos serviços florestais, até que se tornou mineiro com 22 anos. Foi na Mina do Teixo, na freguesia de Teixeira, onde passou cerca de um ano, diariamente fazia mais de doze quilómetros de sua casa até à mina, e vice-versa. Só nos dias de tempestade é que ficava a dormir na mina, em um casebre.

Inicialmente, a função do senhor António era a escavação, em galerias a 40 metros de profundidade, para obtenção de minério, no caso o volfrâmio. Fazia por dia cerca de 8 horas te trabalho, e o lidava bem com o facto de passar tanto tempo debaixo de toneladas de pedra e terra, tão longe da superfície. Posteriormente, trabalhou à superfície nos vagonetes, a descarregar o escombro onde vinha o minério para a torna, para depois procederem à lavagem e separação do volfrâmio da terra.

Com ele trabalhavam cerca de 40 pessoas, homens e mulheres, que foram os últimos mineiros desta mina, pois, no final da década de 60 a mina parou devido a problemas contratuais e por já não ser rentável.

A seguir à vida de mineiro, foi trabalhar para a construção de barragens, começou por Carrapatelo, passou pela Régua, Valeira e por último no Pocinho. Após isso dedicou-se à agricultura na aldeia de Sacões, freguesia de Teixeira, porém, devido a problemas na coluna, viu-se obrigado a abrandar o ritmo e embora consiga fazer alguma coisa, a sua filha Maria Celeste e a sua esposa Otília têm sido a sua mais-valia, em casa e no campo.

"Eu até tenho raiva aos campos agora, cheguei a um ponto em que já não posso fazer nada. Custa ver os campos de velho. Se não tivesse os campos, estava descansado da minha vida, vivia com a minha reforma."

António Briga
António Briga