ARSÉNIO MIRANDA

Nas entranhas da serra do Marão, centenas de homens arriscaram as suas vidas na exploração mineira, atualmente, são poucos os que ainda perduram para contar as histórias desses tempos. O senhor Arsénio, é um deles, trabalhou na década de cinquenta durante cerca de três anos na mina do Teixo, na freguesia de Teixeira, de onde é natural. Já ele estava casado quando abraçou a vida de mineiro, que lhe permitia apenas estar com a sua esposa e o filho recém-nascido aos fins de semana.

Lembra-se perfeitamente do funcionamento desta mina de estanho e volfrâmio. "Havia um guincho no interior da mina que puxava o minério que depois era transportado por um vagonete pelos carris até cá fora. O minério misturado com terra era atirado para uma torna, onde era britado. Após isso passava pela lavaria onde quatro pessoas lavavam o minério com terra misturado, que depois se separavam, a terra saia na tona da água e o minério ficava. Diariamente eram cerca de vinte trabalhadores, entre os quais algumas mulheres, porém, apenas os homens entravam no interior da mina. Cada um deles tinha o seu próprio buraco para explorar minério, alguns com mais de vinte metros de fundura, que por vezes inundavam-se sendo necessário bombear a água para fora ou abrir outro buraco para escoar a água."

A mina do Teixo teve o período de laboração principal entre 1940 e 1968, porém, deixou de ser rentável ao atingir o seu limite de exploração. Em janeiro de 1968 a mina parou devido a questões contratuais. Passados vinte anos, a 6 de janeiro de 1988, a mina é declarada abandonada.

As dificuldades desta vida eram sentidas por todos os mineiros mal assalariados, obrigados a roubar minério para sobreviverem e alimentar as suas famílias. Deste passado distante restam apenas os esqueletos dos edifícios da antiga mina e as memórias dos poucos mineiros ainda vivos.

Arsénio Miranda
Arsénio Miranda