ARTUR ABREU

Artur Abreu, natural de Teixeira, tem atualmente 93 anos. A sua memória espanta qualquer um que o questione sobre o seu passado, recorda-se de quase tudo o que viveu. Cresceu sem ir à escola pois preferiu o trabalho na lavoura, porém, aos 25 anos aprendeu a ler e escrever com ajuda de um familiar.

Levou uma vida dura de trabalho, nos campos e nas vinhas. Com 17 anos foi pela primeira vez trabalhar para uma quinta na região do Alto Douro Vinhateiro, a seguir a essa vêm muitas outras, que ainda conhece como a palma da sua mão, porém, não chegam os dedos todos da mesma para enumerar todas onde trabalhou.

A sua função era saibrar socalcos para as vinhas e cavar buracas para plantar a vinha americana, que depois de crescer e engrossar era enxertada para dar uvas. Embora não gostasse também chegou a carregar cestos no tempo das vindimas, mas dizia sempre ao patrão "eu não posso com os cestos", mas a resposta era sempre a mesma "tu até com dois ao mesmo tempo podias". Durante alguns anos, chegou a ir para as cegadas de centeio na região de Mirandela, sem vir a casa durante um mês.

A sua memória permite-lhe ainda lembrar de quase todas as zonas onde trabalhou: Pinhão; Peso da Régua; Vila Seca de Poiares; Lagoaça; Mirandela; Cedães; Macedo de Cavaleiros. Semanalmente tinha de percorrer cerca de doze quilómetros a pé até à estação de comboio mais próxima, na Rede, para poder ir trabalhar.

Chegou a emigrar para Espanha aos 35 anos, já casado há treze anos, porém, a sua esposa não o queria longe de casa, acabou por vir embora passados três meses. Após isso dedicou-se à carpintaria e às obras, ajudando a erguer grande parte das casas da sua aldeia.

Apesar dos seus três primeiros filhos não terem resistido e apenas dois dos quatorze irmãos estarem vivos atualmente, construiu uma família grande e unida, o segredo da sua longevidade.

Artur Abreu
Artur Abreu