CARLOS BARROS
O senhor Carlos nasceu na aldeia de Mafômedes em 1951. À semelhança da maioria dos jovens dessa época, dedicou-se desde cedo ao trabalho na lavoura. Posteriormente, trocou a terra pelo cimento e foi trabalhar para a construção civil no Porto.
Em 1972 iniciou a vida militar, após o treinamento integrou o batalhão de infantaria na Guiné, durante dezoito meses, no desfecho da Guerra Colonial. Anos mais tarde casou e voltou ao trabalho nas obras, porém, a repentina morte da esposa fê-lo retornar à aldeia da Ordem, onde atualmente permanece.
Há cerca de quatro anos abraçou a vida de apicultor. O filho foi o pioneiro da ideia, mas por questões laborais não pode dedicar tanto tempo às abelhas como o senhor Carlos. A partir do outono e até ao início da primavera o trabalho dele é fundamental, “como não há flores tenho que as alimentar, com açúcar, três vezes ao longo destes meses”.
A vida numa colmeia é bastante atarefada. As abelhas operárias saem à procura de flores com néctar abundante, após recolhido é armazenado num reservatório próprio dentro do seu corpo, diferente do estômago que usam para se alimentar. De volta à colmeia, as recoletoras dão o néctar às responsáveis pelo processamento, elas engolem-no e regurgitam-no ao longo de trinta minutos de modo a perder humidade. Em seguida o néctar é depositado nos favos, as abelhas através do movimento das asas dão-lhe a consistência adequada, impedindo a fermentação. Os favos são selados e a partir desta etapa já existe mel. Após o árduo trabalho das abelhas, os favos são retirados da colmeia para um extrator de mel que ficará em repouso durante alguns dias num reservatório, permitindo eliminar impurezas.
Apesar de anualmente produzir cerca de cem litros de mel, o constante ataque de abelhas asiáticas abalam a produção. Ainda assim, este mel totalmente natural é apreciado por quem o prova, o segredo para a sua qualidade é a dedicação do senhor Carlos e das suas abelhas.