CAROLINA FARIA
A dona Carolina nasceu em 1934 no lugar das Areiras, na Teixeira. Foi nesta pequena povoação que viveu os primeiros anos da sua vida numa ilustre casa, porém, por más escolhas do seu avô e pai desmoronou quase na totalidade. Consequentemente, mudou-se para casa da sua avó materna.
Começou desde tenra idade a meter as mãos na farinha. A sua mãe fazia pão em casa para alguns fregueses, a maioria trazia o trigo cultivado por eles em troca de pão. A generosidade da sua mãe era e é reconhecida por todos, não negava um pedaço de pão a ninguém, em algumas ocasiões oferecia farinha para que conseguissem fazer algumas fritas para a família, mas a pobreza era tanta que eram poucos os que tinham azeite para tal.
Com nove anos, após a morte da mãe, foi viver com os tios, onde ficou cerca de dezoito anos. Eles tinham uma padaria de boa reputação na região que produzia broas, moletes e cacetes, mas o trigo de Padronelo era o mais apreciado, contudo, ilegal. Devido à falta da sua referência no alvará, eles não o podiam produzir para venda, embora isso não acontecesse, levando muitas vezes a dona Carolina a entregá-lo à noite aos clientes das povoações vizinhas.
Em 1961, ano em que a eletricidade chegou à freguesia, saiu de casa dos tios após casar com o senhor Manuel, natural da aldeia da Ordem. Começaram a construir uma casa nas Areiras, na propriedade que ela outrora chamou de lar. Acabou também por deixar a vida de padeira para se dedicar à lavoura.
Depois de o marido ter arranjado trabalho num hospital no Porto, a dona Carolina ficou a cuidar do seu pai e posteriormente da sua sogra até à hora da morte. Com os três filhos criados, não se sentia bem sozinha e decidiu ir para a cidade. Comprou uma hospedaria que geria com ajuda da família, porém, passados doze anos vendeu-a devido a problemas de saúde.
Há cerca de onze anos despediu-se do seu Manuel, desde então vive com a filha na Invicta, sempre com a preocupação dos restantes filhos, netos e bisnetos.