FÁTIMA LIMA
A tia Fátima Gata, como é conhecida na Teixeira, nasceu em 1945. Como a maioria das pessoas nessa época, a sua infância dividiu-se entre o trabalho e a escola.
Desde pequena que começou a ajudar o pai a fazer os famosos rebuçados da Teixeira. Naquela altura ainda se utilizava os fogões a petróleo onde era colocado o tacho com os ingredientes, algo semelhante à receita da marmelada. Quando prontos, ela marcava-os e embrulhava-os. Após uma semana de trabalho nas quintas do Douro, chegava o fim de semana e as trinta rebuçadeiras iam vendê-los para festas, feiras e romarias nas redondezas, principalmente Baião, Amarante e Régua.
Contudo, esta tradição perdeu-se aos poucos. As rebuçadeiras caçaram e como grande parte dos homens emigrou, elas tinham de ficar a cuidar dos filhos e a trabalhar na lavoura.
O milho sempre foi uma das principais plantações nesta freguesia, seja para vender ou alimentar os animais. Porém, a dona Fátima e grande parte dos Teixeirenses, usava o folhelho, as folhas que envolviam a espiga do milho, para vender e posteriormente serem transformados em colchões.
Após a desfolha do milho, as espigas eram levadas para o canastro e o folhelho era vendido ao tio António Mota. Ele juntamente com mais três pessoas ripavam o folhelho em pregos ou engaços espetados num balcão, depois eram colocados dentro de uma cangalha para venderem na Casa da Ermida, na Régua.
O destino desses folhelhos era servir de preenchimento para os colchões das famílias ricas, eram mais saudáveis para a coluna e consequentemente mais caros, enquanto os pobres os preenchiam com palha, trocada anualmente na época da malha do centeio, devido ao mofo que ganhavam.
Como os colchões eram cosidos com uma agulha albarda e linha grossa que dificilmente arrebentava, duravam uma vida, tanto que ainda existe um colchão de folhelho com quase 100 anos, preservado na casa da Picota, a mais respeitada e importante casa da freguesia.
"Colchões como os da Teixeira não há em parte nenhuma. Colchoa o Mota o folhelho mais parece sumaúma."