FERNANDO PINTO

O senhor Fernando nasceu em 1955 na Petada, uma pequena povoação da freguesia da Teixeira. Teve uma infância pacata, ocupava os seus dias com a lavoura e os animais. Após concluir a quarta classe, com cerca de onze anos, foi com o pai trabalhar para as obras em Lisboa, onde resistiu apenas cinco meses antes de trocar o cimento pelos pratos. Trabalhou durante alguns anos no restaurante do Penta Hotel.

Em meados da década de setenta cumpriu dezoito meses de tropa, passou por Elvas, Beja e acabou transferido para Queluz. Permaneceu mais alguns anos no hotel lisboeta, porém, ansiava ir trabalhar para a Suíça. Em 1985, mudou-se para o país do chocolate, mas manteve-se no ramo da hotelaria. Ao fim de cinco anos foi trabalhar para os correios, onde passou por vários setores ao longo de vinte e sete anos, começou como carteiro, passou para os escritórios e acabou na secção dos valores.

Sempre que podia vinha até à sua terra natal desfrutar do sossego das montanhas transmontanas. Foi numa das suas visitas anuais que percebeu o problema que afetava a igreja local, apenas um dos dois sinos estava a funcionar, “caso houvesse algum problema havia a possibilidade de não ter nenhum, uma freguesia da grandeza da Teixeira não podia ficar sem sino”. Decidiu ir falar com o pároco e pediu-lhe autorização para angariar fundos de modo a consertar o sino partido. Formou um grupo composto por um representante de cada aldeia da freguesia.

Passados três anos angariaram novecentos mil escudos, o suficiente não só para o arranjo do sino danificado, mas também para a compra de um novo. Esta igreja, com mais de duzentos e sessenta anos, passou de um sino funcional para três. No final das contas ainda sobrou trezentos mil escudos que foram doados para as obras de requalificação da igreja.

A dedicação do senhor Fernando para com a sua freguesia deve ser louvada, pois, entregou-se de corpo e alma a esta missão que outrora foi apelidada de impossível.

Fernando Pinto
Fernando Pinto