MANUEL BORGES
O senhor Manuel, com setenta e nove anos, desde há algum tempo que escreve quadras sobre a sua vida, nelas declara todo o amor que tem pela família.
"Tenho duas datas de nascimento
E isso torna-se um cenário
Nasci a 29 de abril
E no registo civil é 12 de maio
Vim de uma família numerosa
Irmãos fomos dez
Segundo a forma do proverbio
Foi a conta que Deus fez
Apesar de não ter todas as razões de queixa
Algo tenho a dizer
Para provar o sabor do café
Um coador em pano tinha que espremer
Compreendam esta frase
Já não falando em bolos
Os alimentos enquanto criança
Já não chegavam para todos
Passaram cinco, seis anos
Os meus brinquedos era um tambor
A seguir a estes anos
Obrigaram-me a ser pastor
Com este ritmo de trabalho
E com alguma dignidade
Já me era exigido
Muita responsabilidade
E assim eu fui crescendo
Mostrando trabalho em miniatura
Seguindo os passos dos meus pais
O trabalho na agricultura
Trabalhei nas quintas da Régua
Já como um jornaleiro
Tratavam-nos com muita fome
E muito pouco dinheiro
Vi que isto não dava
Pois segui outro roteiro
Pela minha iniciativa
Aprendi a ser pedreiro"
As dificuldades de outros tempos e a fraternidade pelos seus, levaram o senhor Manuel a criar poesia e a certeza de que a sua família o recordará durante muitos anos através das suas palavras.