OTÍLIA COSTA
A dona Otília, natural da freguesia de Teixeira, nasceu em 1946 no lugar de Álvaro. Desde cedo experienciou a dureza da enxada, porém, ao contrário de algumas pessoas da sua idade, não chegou a ir trabalhar para as quintas do Alto Douro Vinhateiro.
Conciliava as lides domésticas e o trabalho na lavoura com a escola. Após terminar a quarta classe, foi aprender costura ao longo de dois anos, fazia cerca de três quilómetros para ir até à aldeia de Quintela, isto se o pai não precisasse dela no campo.
Com vinte anos casou-se e mudou-se para a aldeia do lado, Sacões, onde nos primeiros anos viveu numa pequena casa no fundo do povo. Após a mudança, o seu marido Camilo emigrou, dois anos para Espanha seguidos de trinta na Alemanha, em busca de sustento para a sua família que começava a crescer.
Enquanto isso, continuava como costureira, fazia algumas roupas para vender, porém, tratar dos filhos, campos e animais, levaram-na a deixar a costura devido à enorme carga de trabalho.
No princípio da década de setenta mudou-se para uma casa nova, nessa mesma aldeia. Esta mudança trouxe também mais afazeres, principalmente na lavoura. Começou a plantar milho, batatas e feijão em grandes quantidades para depois vender, a isso juntou-se a criação de vacas, também para o mesmo fim, porcos e galinhas, estes para consumo próprio.
"Os anos passaram, os filhos cresceram e seguiram as suas próprias vidas, uns mais perto do que outros. Com isso e depois de me faltarem as forças, comecei a deixar as terras de velho, tenho apenas alguns quintais com alimentos para consumo próprio, isto enquanto poder."
Há pouco mais de um ano, viu partir o homem com quem passou cinquenta anos de vida. Rodeada de memórias, na aldeia onde foi feliz, aqui permanece a dona Otília a lutar contra o tempo que nunca voltará para trás.